sábado, 30 de abril de 2011

Mãos sujas de sangue.


- Terra a vista!
Foi o grito que veio do cesto de gávea e alegrou os corações de nossa tripulação. Nossa viagem já durava alguns meses no mar, me lembro como se fosse hoje. Fui enviado para um tipo de missão de reforço, eu e meus homens tínhamos ouvido que havia muito ouro esperando por nós naquela terra, o Novo Mundo, fomos loucos, como cavalos mal treinados correm ao pote de água após de um bom passeio pelo deserto, éramos homens fortes e desimpedidos.
Aportamos e vimos àquela terra selvagem, e já nos estavam esperando, nossos compatriotas estavam tendo problemas com alguns nativos, preparamos nossas armas e fomos, sem piedade para qualquer selvagem, era assim que pensávamos e era assim que nos fizeram pensar, e afinal de contas, era o ouro que queríamos, e este como o sol ofuscava a nossa visão. O brilho era tão forte que ao voltarmos nossos olhos para baixo tudo era escuridão, quem já olhou para o sol sabe, não importa quanto o dia seja claro, olhe e depois de um tempo quando tentar mirar outro lugar todo será escuro. Por isso não nos importávamos,  não nos interessavam seus templos, sua arte, sua cultura ou mesmo suas vidas, quem caía sob nossa lâmina ou a mira de nossas armas tinha seu último suspiro, pois seus arcos não eram páreos para nossos mosquetes.
Até que um dia minha visão se abriu, do pior jeito possível.
Entramos em suas cidades, nossos homens matavam os selvagens a sangue frio e usavam suas mulheres, ao seu bel prazer. E eu mesmo sabendo do erro de meus companheiros não fazia nada para detê-los. Minha mente estava podre, minha consciência me atormentava e a batalha que ocorria dentro de mim quando me deitava era pior do que qualquer outra que se passava durante o dia.
E nesse momento uma faísca pode causar uma grande explosão. Já tínhamos dominado aos Astecas e aos Incas, e negociávamos pelo seu ouro, quando uma criança nativa que fora forçada a nos servir deixou cair vinho sobre um de nossos comandantes, pobre criança, seus braços ainda não eram suficientemente fortes para carregar aquela jarra, o medo não lhe dava firmeza nas pernas, mas tudo isso não foi considerado por aquele homem, e me sinto culpado de chamá-lo de homem, pois enquanto o menino o fitava com olhos assustados ele sacou a arma e atirou. Para mim foi como se o tempo tivesse parado, todo o sangue antes derramado veio em minha mente junto com o do pobre garoto. Percebi o quão fútil era aquela busca, e quão baixa era aquela nossa vida. Senti o chão tremer sob os meus pés, era como se nada valesse a pena, preferiria morrer ali mesmo, no lugar daquele inocente, porém algo mais estava preparado para mim. Uma mulher vinha correndo em direção ao monstro que havia matado o seu filho, estava desesperada e armada simplesmente com uma faca. Aquilo não seria suficiente, pois a mesma mão suja com o sangue inocente erguia-se em direção à pobre mãe. Não pensei duas vezes, no mesmo instante em que desembainhava minha espada, mirava em sua garganta, e a mesma lâmina usada para dizimar aquele povo cortou pela última vez, e desta vez foi para defendê-los, pois a mão que atirou no filho não atiraria mais. Lá estava a mulher paralisada, ela não sabia o que fazer, olhava para mim como se aquilo não fosse real. Porém logo continuou, eu via agradecimento em seus olhos, ela pegou seu filho no colo e olhou para mim novamente com lágrimas nos olhos.
Eu sabia o que tinha feito e os homens que ali estavam ficaram por alguns momentos paralisados, mas logo que recobraram a razão alguns saíram correndo para chamar outros. Pensei que aquele seria meu fim, um deles ergueu sua arma para mim, escutei um disparo, mas continuava vivo, percebi naquele momento que eu não fora o único a recobrar a visão. Outros dez homens vieram até mim e ficamos lado a lado, eu ajudei a mulher que estava com seu filho ensanguentado no colo a se levantar, eu sabia o que ela queria, ela não tinha tempo para chorar, precisávamos fugir. Ela queria propiciar um funeral digno para seu filho, então corremos, passamos por vários homens, alguns viam a criança, escutavam as explicações rápidas dos que me seguiam e se juntavam a nós, outros tentavam nos impedir, em vão.
Quando já havíamos percorrido uma boa distância floresta adentro, paramos. A mulher ainda com seu filho nos braços olhou para mim e pediu que a seguíssemos. Andamos por um bom tempo até chegarmos a um lugar estranho que parecia um abrigo. Lá vários nativos tentaram nos impedir de entrar, mas a mulher lhes explicou em sua língua o que havia ocorrido e fomos bem acolhidos, com a condição de que nunca mais voltaríamos atrás.
Assim foi, permanecemos com o povo refugiado, aprendemos sua língua e fugimos junto com eles, por um longo tempo, e os espanhóis ainda nos perseguem mesmo despistados. Hoje escrevo, e não sei se alguém vai ler algum dia, estamos longe do lugar onde tudo começou, mas paramos de fugir. Achamos um lugar para nós, ao que se conta é uma antiga cidade construída por um antigo povo, muito misterioso, pois ninguém sabe como eles sumiram, e quem vê tudo isso ficaria impressionado: são reais monumentos, e grandiosos, parece que o próprio Deus desceu dos céus e os ajudou a construir tudo isso, é maravilhoso. Pena que não resta ninguém que participou dessa obra, e me assombra o pensamento de que meus antigos companheiros, meus compatriotas, os verdadeiros selvagens, possam descobrir isso, pois sei que não hesitarão em destruir tudo. Porém agora permaneceremos aqui, e não me importa que tenhamos o mesmo fim dos últimos que habitaram esse lugar, porque quanto a mim sei que posso pagar meus pecados ajudando esse povo, que por um tempo cegamente desprezei, e hoje consigo dormir com mais tranquilidade, por isso não vou abandoná-los, pois agora sou um deles.

(texto para trabalho de Gramática - Curso de Letras)

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Nothing can stop the Nature

When rain starts to fall
When lightnings starts to flash
Followed by the roar of the thunder
With winds of a storm
Nothing can stop

The running river
The waterfall
The flood carrying away all
Nothing can stop

When the earth starts shaking
When the sea shows its wrath
Making its water stand
In a giant wave to join the land
Nothing can stop

And like nothing can stop a hurricane
And all the mess that it does
Nothing can stop us

Cause love is our Nature
And nothing can stop the Nature

domingo, 10 de abril de 2011

Across the Distance

A world of difference
A world of distance
Two people
Two dreamers
Two lovers
Winning the distance and the difference
Just to Love

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O que se ganha sendo bom?

    Faz um bom tempo que não escrevo, e volto para compartilhar uma questão que uma amiga me fez um dia e eu não soube responder, Afinal o que se ganha sendo bom?
    Essa é uma questão difícil, tente responder antes de ler alguma coisa e você verá, talvez porque agente procura a resposta errada, é como precisar de uma chave e procurar numa caixa de jóias, pensando que chave e jóias são a mesma coisa.
   Quando você é bom você é enganado, pisado, excluído, e tudo mais que muitas pessoas tem medo de admitir. Quem lê pode estar pensando, "esse aí está revoltado", mas ainda não terminei, tem uma recompensa em ser bom, a melhor de todas,a verdade. Verdadeiro amor, verdadeira amizade, é isso que se encontra sendo bom e por isso vale todo o resto, toda a incompreensão de um mundo que segue o que é mais fácil, agora não lembro onde escutei ou li isso mas dizia algo como "se o malandro soubesse das vantagens de ser honesto ele seria honesto por malandragem". Bem não sei o quanto isso tem a ver com o que escrevo mas pode ajudar, o fato é que se todos soubesse o quão bom é sentir algo verdadeiro, seria mais fácil ser bom, quando cada um cuidar de suas ações, não precisaremos nos incomodar com as dos outros.
    Não basta dizer que o mundo está perdido, que só tem maldade, seja você uma esperança, não se deixe incluir nessa generalização, diga para si mesmo "pelo menos não enquanto eu estiver vivo".

sábado, 27 de novembro de 2010

E se?

E se você finalmente descobrisse o sentido de amar?
E se você achasse o tão procurado amor de sua vida?
E se você tivesse o azar de não poder tocar essa pessoa?
E se você dependesse de poucas horas passando como poucos minutos?
E se você sentisse a cada vez que deve se despedir um soco em sua alma?

Seria você capaz de fazer de tudo isso realidade?
Seria você capaz de atravessar o mundo simplesmente para dizer "eu te amo"?

Responda o que quiser, pois minha decisão será a mesma.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sonho

Eis que começo a sonhar novamente,
Mas desta vez vôo mais alto, indo longe, nessa emoção recente,
Onde a Rainha de prata não toca ao me tocar,
Onde o magnífico Rei das vestes de ouro deve sua caminhada iniciar.

Sonho com ela e vejo-a sonhar comigo,
Vejo a mágica do senhor dos relógios e toda a sua maldade sinto,
Ao permanecer em minha mente a brincar,
Quando dez por cem e cem por dez insiste em trocar.

Desejo então trocar a lua por uma estrela,
Mas o deus das duas faces em meu caminho sempre espera,
Deixando um desafio a se formar,
 E aquilo que eu diria impossível vê uma chance de se realizar.

Eis que começo a sonhar novamente,
Um sonho que das noites de sono está à frente.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O perseguido de Janus

     Era uma vez um pequeno garoto, ele andava por entre corredores sem fim tinha sempre felicidades e angustias, e sempre em sua vida chegava em um ponto em que havia duas portas pela qual poderia seguir de vez em quando até deixavam ele dar uma espiada dentro de cada porta mas no fim ele entraria em uma e deixaria a outra para trás.
     No começo tinha alguém que sempre o ajudava a passar por elas, aliás as primeiras portas nem foi ele quem escolheu passá-las, alguém escolheu por ele, porém o tempo foi passando e viram que ele não precisava mais que escolhessem suas portas, dai para frente começaram simplesmente a fechar algumas para que ele escolhesse outra, mas quando se exclui uma porta aparece sempre outra no lugar, para que sempre ele tenha que escolher de duas uma.
     Mais um tempo se passou e agora o pequeno garoto já não era tão pequeno assim, e pessoas deixaram de fechar as portas por ele, agora ele estava sozinho, no começo de sua liberdade foi bom, afinal era o que ele sempre quis, as primeiras portas a foram fáceis, espiava dentro de cada uma e logo escolhia, as coisas passavam rápido e ele fazia a escolha que quisesse.
    Porém as coisas começaram a mudar, as portas foram ficando mais difíceis, e ele começou a tomar mais tempo para escolhe-las, viu que não era tão bom assim andar sozinho, as vezes fechava uma, duas, três portas e sempre tinha duas para escolher, até que chegou uma hora em que ele ficou em frente as duas portas mais difíceis de sua vida pelo menos pelo que ele imagina, espiando lá dentro ele viu que essa escolha iria mudar tudo completamente em sua vida, lá dentro estava outra pessoa para ajudá-lo nessa caminhada, ele pensou por muito tempo, duvidava sobre muitas coisas que iriam acontecer, afinal uma espiada não é nem de perto uma visão plena, no fim, por vários motivos decidiu por uma e como parte de seu fardo ele precisou fechar a outra para nunca mais poder retornar, porém por algum motivo, talvez o da porta ser pesada demais, ou por ele hesitar em seguir pela porta em frente, ou talvez também e mais provável por querer espiar a outra porta que se abriria em troca da que se tinha fechado ela se abriu antes que ele pudesse passar pela qual ele havia escolhido e deu-lhe mais uma pequena visão do que ali se passaria, o que o impressionou e mais uma vez o deixou parado onde agora está entre duas portas, uma que o quer mais do que ele a quer e outra que ele quer mais do que ela o quer, pelo menos assim pensa, e já não sabe que decisão tomar.